Dietas não faltam e, se as receitas diferem, na maioria das vezes a promessa é a mesma: uma perda rápida e permanente dos quilos em excesso. Algumas pessoas já experimentaram uma ou mais e até sabem que a sua eficácia vai do discutível ao perigoso. Irei escrever uma série de artigos sobre as dietas, onde se explica o sucesso e o fracasso de muitas delas.
Alguns conselhos prévios
A maioria dos peso perdido no inicio de uma dieta não resulta da queima de gordura. Por isso, os métodos que garantem uma redução de cinco quilos na primeira semana, como uma perda equivalente de gordura são enganosos.
Para perceber melhor este facto, observe uma pequena demonstração aritmética. É necessário queimar 9000 calorias para eliminar 1 quilo de gordura. Portanto, é preciso gastar 45000 calorias para perder 5 quilos de gordura por semana, o que corresponde a cerca de 6500 calorias por dia. A maioria das dietas reduz o consumo energético entre 500 a 1000 calorias por dia. Assim, não é possível que uma redução espectacular de peso seja provocada pelo desaparecimento de gordura. Por isso, desconfie deste tipo de promessas.
A primeira reacção de um corpo submetido a uma dieta de emagrecimento é utilizar e esgotar a energia disponível Essa energia não é a gordura, mas o glicogénio, geralmente esquecido pelos manuais de dietas milagrosas. Na prática, trata-se de uma forma de glucose em solução aquosa que existe nos músculos e no fígado. No corpo humano há cerca de 3,5 quilos de glicogénio. É necessária muito menos energia - a relação é de 4 para 9 - para eliminar 1 quilo de hidratos de carbono, do que para eliminar a mesma quantidade de gorduras. A acentuada perda de peso no inicio da dieta, sobretudo numa hiperproteica e pobre em hidratos de carbono, resulta da eliminação de água e de glicogénio.
Com certeza agora estão a pensar que quando as reservas de glicogénio se esgotam, são as gorduras a fornecer a energia necessária ao funcionamento do corpo. Basta, pois, um pouco de paciência para a água e o glicogénio serem eliminados e os tecidos adiposos começarem a derreter. Errado! A falta de glicogénio desencadeia o mecanismo da fome e reduz o nível de açúcar no sangue. Isto provoca um estado de fraqueza, depressão, instabilidade e cansaço. A melhor maneira de ficar obcecado pela comida é iniciar uma dieta. Mas agora devem pensar que se resistirmos, as gorduras têm de começar a derreter em algum momento. É verdade, mas, até chegar a esse ponto, o corpo vai recorrer a outros mecanismo.
O organismo é uma máquina fantástica. Uma vez agredido, defende-se. Para se adaptar à dieta de emagrecimento, além da queima de glicogénio e da libertação de uma parte de água, elimina os tecidos que lhe são menos úteis Quando lhe falta alimento, a gordura é o que lhe permite resistir. Portanto, começa pelos tecidos adiposos e, em particular, as proteínas que compõem os músculos Essa perda será tanto mais importante quanto mais inativa for a pessoas antes da dieta. Só mais tarde, cerca de duas semanas depois, o corpo começa a proteger os tecidos não adiposos e a queimar gorduras.
No inicio da dieta, são as pessoas fisicamente ativas que se livram da gordura de forma mais eficaz. É o que acontece com os atletas que podem perder, em vésperas de uma competição, vários quilos de gordura. Porém, a maior parte das pessoas que seguem dietas de emagrecimento não são pugilistas nem judocas, e, quando subvertem os seus hábitos, o corpo molda-se: elimina primeiro aquilo que elas não usam habitualmente, ou seja, os músculos.
Com a maioria das dietas drásticas corre-se o risco de enfraquecer o organismo e de provocar uma redução dos gastos energéticos. Nestes casos, o metabolismo armazena um máximo de gordura. Seguir uma dieta revela-se, por vezes, a melhor forma de uma pessoa pouco dinâmica poupar ainda mais energia e criar, assim, as condições ideais para engordar.
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